domingo, 16 de outubro de 2016

Sal

Sal
A areia nos olhos
O deserto nas costas
Na batida das horas
Nenhuma resposta

No fardo, a rotina
A recompensa é pequena
Seus calos e rugas
A herança que pena

sábado, 15 de outubro de 2016

" It "

"It"
Um olhar nu
Fixo no horizonte 
Um grito além 
O eco em minha fronte

A brisa do precipício 
Os pés entre a fenda
E a solidão é tão só 
Tão só em sua tenda

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Meio

Meio

Quero o prazer
Da sua companhia
Seja de noite
Seja de dia

Quero a vida
Ao seu lado
De validade
Sem prazo

Quero seu cheiro
 Seu toque
E sua palavra
Em meu vocabulário

Não quero um começo
Pra não pensar no fim
Apenas o meio
Pra vivermos assim

domingo, 21 de agosto de 2016

Dualidade

Dualidade

Não é questão de sorte
Nem de palavras jogadas ao vento
Me recolho no meu eu
Pra interagir com meus sentimentos

E no recanto deste silêncio
Eu comigo e meus pensamentos
Travo, luto e torturo-me
Ferindo minh ‘alma em desalentos

Justa causa confusa
Que me insiste em desalinhar
Depois de clamar ao tempo
Dois amores, com tanto gostar

Quero por mais que eu não queira
Mas me traio no próprio pensar
Que falta faria um deles
Se apenas um eu pudesse adotar

O destino de brancas linhas
Tinge agora um novo olhar
Pra que eu possa pintar e versar
Qual dos amores, eu devo amar

domingo, 3 de abril de 2016

Psiquê

Psiquê

O passo apressado
Em seu vestido godê
Um batom meio mármore
Um olhar psiquê

Dona da noite
Exalando um buquê
Sexy mistura
Merlot, cabernet

A corte é sua sina
Penumbra na orla
Camufla na esquina
Torna, retoma, flerte rotina

Na selva de pedra
E nas rimas de ode
Contemplo a mais bela
Sem mais, nem por quê!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

" Nhô Mirtinho"

“Nhô Mirtinho”

Nas linhas das rugas
De um velho desconhecido
Lembranças do meu avô
Um sábio, esguio, franzino.

Homem de sorriso fácil
De passo curto e postura ereta
De tantas historias tão incertas
Mil vezes contadas de forma correta

Por onde andou fixou seu teto
Cultivou amigos e desenhou seu tempo
Pintando de lembranças vivas
O coração dos seus afetos

Pai de muitos e professor de todos
Do seu modo e à sua maneira
Educou com o pouco que sabia
Nossos pais, mães, tios e tias

O destino generoso lhe foi
Com o presente de vários anos
O privilegio de netos e bisnetos
E o amor de outros tantos

Na beira do rio e no blefe do baralho
No fogão a lenha, no pinhão sapecado
A saudade do meu velho avô
Será sempre, seu maior legado

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Neon

Neon
De nada adianta toda poesia
Se não se pode viver a rima
Se a lágrima que desce é cinza
De um gosto doce que amargo ficou

Quisera eu poder que um prisma
Misturasse todos os tons
E que toda a cor da minha vida
Fosse sempre azul neon

Transformando toda a cor da rima
Em arcos-íris de belos sons
E a noite escura vira dia
E o que era amor vira paixão

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Per me

Per me
Perfeitamente perfeito
É tudo aquilo que alegra alma
E que bate forte no peito

É aquilo que da jeito
Pro que não tem jeito

Que suspira os calafrios
Em densos batimentos
De compassos intensos



domingo, 24 de janeiro de 2016

Orla

Orla
Pedi ao mar e à Lua
E ao sopro dos ventos
Durante tanto tempo

Sua pele na minha
Seu beijo no meu

E o mar combinou com a Lua
E o vento soprou ao tempo

E a pedra da barra foi testemunha
Da conspiração
Dos meus pensamentos